sábado, 30 de julho de 2011

Trauma de crânio aumenta risco de AVC

Um estudo realizado na Tailândia e publicado na revista médica "Stroke" concluiu que adultos que sofrem um trauma de crânio apresentam risco aumentado de derrame, particularmente nos primeiros 3 meses após o trauma. Os pesquisadores analizaram 23.199 pacientes com trauma de crânio e 69.597 controles com média de idade de 42 anos, e acompanharam cada indivíduo por 5 anos. Nos primeiros 3 meses após um trauma de crânio, 2.9% dos pacientes sofreram um AVC, contra apenas 0.3% dos controles. Isso indica um risco 10 vezes maior de AVC no grupo do trauma. No longo prazo (até 5 anos), a diferença foi menor, mas ainda significativa, com AVC ocorrendo em 8.2% dos pacientes com história de trauma contra 2.9% do grupo controle. Após ajuste para outros fatores de risco, a presença de trauma aumentou o risco de AVC em 10 vezes nos primeiros 3 meses, 4 vezes em 1 ano e 2 vezes em 5 anos. Dos subtipos de AVC, a hemorragia intracerebral foi a mais comum (aumento de 6 vezes em relação ao grupo controle), seguida por hemorragia subaracnóide (aumento de 4 vezes) e infarto cerebral (aumento de 1.4 vezes). A presença de fratura de crânio aumentou significativamente o risco de AVC. Outras complicações relacionadas a trauma de crânio incluem epilepsia, declínio cognitivo, disfunção neuroendócrina, doenças psiquiátricas, disfunção sexual e distúrbios do sono. Devido ao grande peso que o trauma de crânio traz para a socieadade como um todo, medidas para diminuir sua incidência são críticas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Música benéfica para pacientes com Doença de Parkinson

Ouvir música relaxante deitado em uma cadeira melhora os sintomas motores e não-motores (fadiga, ansiedade, dor) de pacientes com doença de Parkinson, segundo um estudo recente apresentado no Congresso Mundial de Distúrbios do Movimento e Doença de Parkinson em Toronto, Canadá. Os pesquisadores utilizaram um cadeira reclinada, algumas com auto-falantes acoplados que emitiam vibração proporcional ao volume do som, e outras sem auto-falantes acoplados. Vinte pacientes foram estudados, sendo que metade foram submetidos a musicoterapia sem vibração e a outra metade, a musicoterapia com vibração por 30 minutos diários por 4 semanas. Ambos os grupos tinham acometimento similar, medido através da escala UPDRS. No final do estudo, ambos os grupos apresentaram melhora dos parâmetros motores da escala UPDRS, discretamente superiores no grupo de musica com vibração (sem diferença estatística). Houve também melhora dos sintomas não-motores (depressão, ansiedade, fadiga, qualidade do sono) da escala UPDRS. Segundo o autor principal do estudo, a adição de vibrações à musicoterapia não acrescentou muito benefício. Futuros estudos são necessários para confirmar esses achados.

domingo, 10 de julho de 2011

Perda de Olfato e Paladar

Imagine você não conseguir sentir o odor dos alimentos, de um vazamento de gás ou da fumaça de um incêndio. Além de privar os sofredores de um dos melhores prazeres da vida, a culinária, a perda do olfato também sérios problemas de sobrevivência, pois impossibilita os afetados de reconhecer avisos importantes através do cheiro. Nos Estados Unidos há aproximadamente 14 milhões de pessoas com déficit de olfato. Cerca de 80% dos pacientes com perda do paladar apresentam perda do olfato associada. A idade é a causa mais comum de perda do olfato. Aproximadamente 25% das pessoas com mais de 55 anos tem algum comprometimento do olfato ou paladar, sem estar cientes do déficit. Após os 60 anos o olfato se degenera com mais rapidez. Dos 65 aos 80 anos, metade das pessoas tem perda olfatória moderada a grave e após os 85 anos, 3/4 das pessoas tem perda olfatória moderada a grave. Isso pode levar a perda do apetite, perda de peso, depressão, além do aumento do consumo de sal e açucar, podendo levar à piora de doenças comuns dos idosos como hipertensão e diabetes. Além do envelhecimento, cerca de 20% das vezes a perda de olfato é secundária a infecções virais das vias aéreas superiores, populamente conhecidas como gripes e resfriados. Outras causas comuns incluem doenças da cavidade nasal e seios paranasais (sinusites), trauma de crânio, tumores cerebrais, medicamentos, tabagismo e exposição a radiação. Algumas doenças neurológicas degenerativas como doença de Alzheimer, doença de Parkinson e demência por corpos de Lewy também podem causar perda do olfato. Em cerca de 10 a 15% dos pacientes com perda de olfato devido a trauma de crânio ou infeções das vias aéreas superiores, pode haver recuperação parcial do olfato. Todos os pacientes com queixas de perda de olfato e paladar devem ser avaliados por um neurologista e um otorrinolaringologista para identificar a causa e tratar a doença corretamente. O neurologista americano Ronald DeVere escreveu um livro em conjunto com a chefe de cozinha Marjorie Calvert "Navigating Smell and Taste Disorders" onde eles apresentam várias receitas preparadas especificamente para pessoas com déficit de olfato e paladar (apenas em inglês). Compre através do link.

sábado, 9 de julho de 2011

Gestação é Segura para Mulheres com Esclerose Múltipla

Um estudo publicado na revista Annals of Neurology traz alívio para as mulheres com esclerose múltipla (EM) que desejam engravidar. Os resultados demostraram que mulheres com EM não apresentam problemas significativos durante a gestação em virtude da doença. Esses achados são importantes, pois cerca de 2/3 dos pacientes com esclerose múltipla são mulheres em idade reprodutiva. Os pesquisadores identificaram 432 nascimentos de mulheres com esclerose múltipla e compararam com 2975 nascimentos de mulheres sem a doença. Não houve diferenças quanto à idade gestacional, peso de nascimento ou tipo de parto (natural ou cesário). Como muitas mulheres com esclerose múltipla são obesas, devido à dificuldade em manter um programa de exercícios regulares, há uma maior tendência a complicações gestacionais relacionadas à obesidade nessas mulheres.

Mudança de um anticonvulsivante genérico para outro pode ser problemática

Mudar de laboratório pode ser problemático quando se trata de medicamentos anticonvulsivantes, pois pode haver grandes oscilações dos níveis séricos, segundo um estudo publicado na revista Annals of Neurology. O lançamento dos medicamentos genéricos reduziu substancialmente os custos do tratamento anticonvulsivante. A prática de trocar de laboratório é muito comum entre as secretarias de saúde municipais e estaduais que distribuem esses medicamentos gratuitamente para os pacientes do SUS, pois os medicamentos são obtidos através de licitações, e ganha o laboratório que oferecer o menor preço em cada compra. Essa mudança de um genérico para outro pode causar grandes alterações farmacocinéticas, podendo prejudicar o controle das crises epilépticas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Triagem para apnéia do sono em pacientes com disfunção erétil

Uma pesquisa apresentada no Congresso da Associação Americana de Urologia de 2011 aponta que é importante descartar a possibilidade de apnéia do sono em homens com disfunção erétil. Já se sabia que a disfunção erétil também está associada com hipertensão, diabetes, dislipidemia e obesidade. O estudo incluiu 870 homens, sendo que 27% tinham disfunção erétil. Dos homens com disfunção erétil, 63% deles tinham alto risco para apnéia do sono, de acordo com um questionário com os principais sintomas da doença (roncos noturnos, sonolência e fadiga diúrna, presença de obesidade, hipertensão arterial, etc). Depois de ajustes para descartar influência de outras doenças co-mórbidas, os homens com apnéia do sono tiveram 2 vezes mais chance de ter disfunção erétil que os pacientes controle. A apnéia obstrutiva do sono ocorreu em 59% dos homens com função erétil normal, em 72% dos homens com disfunção erétil leve, em 79% dos homens com disfunção erétil de leve a moderada, em 83% dos homens com disfunção erétil moderada e em 88% dos homens com disfunção erétil severa. Os pesquisadores sugerem que, mesmo homens com disfunção erétil leve, devem ser encaminhados para triagem de apnéia do sono, devido aos riscos cardiovasculares dessa doença. A apnéia do sono é diagnósticada por história clínica e confirmada e graduada pela realização da polissonografia, um estudo onde o paciente dorme no laboratório do sono e tem vários parâmetros fisiológicos monitorados. O tratamento da apnéia do sono pode reverter os sintomas da disfunção erétil.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

CPAP melhora memória em pacientes com apnéia do sono

O uso do CPAP por pelo menos 6 horas por noite melhorou significativamente a memória e a qualidade de vida de pacientes com diagnóstico de apnéia do sono grave (> 30 episódios de apnéia por hora). Um episódio de apnéia é definido como a parada da respiração e queda da quantidade de oxigênio no sangue por mais de 10 segundos. Já um episódio de hipopnéia é definido como diminuição de pelo menos 50% no fluxo de ar durante a respiração. Esses achados foram divulgados no SLEEP 2011, um congresso das associações de sono americanas por pesquisadores italianos. O estudo incluiu 67 homens com apnéia do sono grave e índice de apnéia-hipopnéia médio de 55, ou seja, pelo menos 55 episódios por hora. Os pacientes foram acompanhados por 18 meses e um grupo de 15 pacientes saudáveis formaram o grupo controle. Testes neurocognitivos mediram a memória, as funções executivas e a atenção no início e no final no estudo. Parâmetros de sonolência diúrna, qualidade de vida e humor também foram avaliados. Apenas 76% dos pacientes usaram o CPAP pelo menos 4 horas por noite e a duração média de uso foi de 6 horas. Após os 18 meses de estudo os índices de apnéia-hipopnéia reduziram de 55 para 2,5 por hora e a saturação de oxigênio subiu de 64% para 91%. Os pacientes tratados com CPAP também melhoraram significativamente seu desempenho cognitivo. Esse estudo mostra claramente que a aderência adequada ao uso do CPAP pode controlar os sintomas da apnéia do sono, incluindo o declínio cognitivo visto com frequência nos portadores.

Ácido Valpróico causa declínio cognitivo em crianças expostas durante a gravidez

O FDA, a agência de segurança de alimentos e medicamentos dos EUA alertou médicos e pacientes sobre o risco de declínio cognitivo em crianças expostas intra-útero à droga anticonvulsivante ácido valpróico (Depakene) e suas derivadas valproato de sódio (Valpakine) e divalproato de sódio (Depakote). Essas drogas são aprovadas para o tratamento da epilepsia, do transtorno bipolar e na profilaxia da enxaqueca. Essas drogas já eram consideradas de alto risco na gestação (categoria D, com risco comprovado em humanos) devido à possibilidade de malformações do tubo neural (anencefalia, mielomeningocele e espinha bífida). O alerta sobre a possibilidade de declínio cognitivo deriva dos resultados do estudo NEAD (Neurodevelopmental Effects of Antiepileptic Drugs Study) publicado na revista The New England Journal of Medicine em 2009. Esse estudo demonstrou que as crianças expostas ao ácido valpróico e derivados durante a gravidez tiveram desempenho inferior em testes cognitivos aos 3 anos de idade, quando comparados com outras drogas anticonvulsivantes (lamotrigina, carbamazepina e fenitoína). Uma extensão do estudo NEAD após 4,5 anos de seguimento confirmou os resultados do estudo original. As diretrizes da Academia Americana de Neurologia e da Sociedade Americana de Epilepsia publicados em 2009 já recomendavam que o ácido valpróico fosse evitado durante a gestação, se possível. A prescrição dessas drogas durante a gestação deve levar em conta a gravidade da doença e os riscos devem ser pesados em relação ao benefício.