quinta-feira, 30 de junho de 2011

Perda de memória após derrame

Dificuldades de memória ocorrem pela perda de neurônios em determinadas regiões do cérebro. Quando a perda de memória é grave o suficiente para interferir com as atividades do dia-a-dia, nós chamamos de demência. Pessoas com demência podem ter dificuldade para aprender novas coisas ou lembrar fatos recentes ou nomes de pessoas familiares ou amigas. O termo declíno cognitivo leve é usado para idosos com dificuldades de memória que são notadas pelo próprio paciente ou familiares, porém que ainda não atrapalham a realização das atividades do dia-a-dia. Embora muitas pessoas com declínio cognitivo leve não progridam para demência, o risco de evolução para demência é de aproxidamente 10% ao ano. Há muitas doenças que podem causar demência. A doença de Alzheimer é a mais comum delas. As doenças cerebrovasculares (acidentes vasculares cerebrais ou derrames) são a segunda principal causa. Um estudo publicado na revista Neurology (2006;67:1363-1369) com 335 idosos sem problemas de memória ou história prévia de derrames, com média de idade de 75 anos e acompanhados anualmente por 10 anos mostrou que metade deles desenvolveu declíno cognitivo leve. Aproximadamente 10% (36 indivíduos) tiveram um derrame durante o período do estudo. Desses pacientes, 2/3 também desenvolveram demência no primeiro ano após o derrame. A maioria desses pacientes tinha desenvolvido declínio cognitivo leve antes do AVC. Interessantemente, muitos dos pacientes com declínio cognitivo leve que não tiveram um derrame nunca desenvolveram demência durante o período do estudo e alguns mostraram sinais de melhora da memória. Houve 157 mortes durante o estudo e atopsia foi realizada em 22 pacientes que tiveram derrame e 108 pacientes que não tiveram derrame. Desses 108 indivíduos que não tinham evidência clínica de derrame, a autopsia mostrou que 26 deles tinham evidência anatomopatológica de infartos cerebrais assintomáticos. Esse estudo de autopsia mostrou que pessoas com evidência de derrame assintomático foram mais prováveis de ter declínio cognitivo leve do que os indivíduos que não tinham evidência de derrame na autopsia. Parece claro que o declínio cognitivo leve é um problema comum em idosos, e que em muitas pessoas ele não progride com o tempo, ou até mesmo melhora. Entretanto, em pessoas com história de derrame (sintomático ou assintomático), há muito mais chance do quadro evoluir para demência. Isto sugere que é muito importante para os idosos controlarem seus fatores de risco para derrame para diminuir seus riscos de desenvolver demência. Controle da pressão arterial, evitar o diabetes e os altos níveis de colesterol, permanecer fisicamente ativos e não fumar ou consumir álcool excessivamente são medidas importantes para prevenir derrames. Estima-se que aproxidamente 1/3 das vítimas de derrame sintomático irão desenvolver dificuldades de memória e sérias dificuldades em outros aspectos importantes para uma vida normal. O problema de memória pode ser sério o suficiente para interferir com as atividades do dia-a-dia e, portanto, configurar um quadro de demência. Nesses casos costumamos chamar de demência vascular. Tanto derrames localizados em áreas estratégicas do cérebro responsáveis pela memória ou múltiplos pequenos derrames silenciosos chamados de infartos lacunares podem resultar em demência. Idade avançada, problemas prévios de memória, história de vários derrames ou um derrame no lado esquerdo do cérebro aumentam a probabilidade do indivíduo desenvolver demência no primeiro ano após um derrame. Outros sintomas da demência vascular incluem lentificação dos movimentos e dos pensamentos, falta de atenção e diminuição da habilidade para realizar tarefas simples do dia-a-dia. Esses sintomas podem ser difícieis de diferenciar da doença de Alzheimer e frequentemente são mascarados por outros sintomas de derrame como paralisias, dificuldades de fala ou falta de atenção. Outra dificuldade para reconhecer sintomas de demência após um derrame é que os sintomas podem ser confundidos com depressão, outro problema comum após derrames. A melhor forma de prevenir demências após um derrame é evitar o derrame. Controlar sua pressão arterial pode diminuir significativamente seu risco. Visitas frequentes ao seu médico, praticar exercícios diariamente, ter uma alimentação saudável, manter seu colesterol e glicose normais, não fumar e beber com moderação são medidas fundamentais para reduzir seu risco de derrame e demência. Infelizmente, após a instalação dos sintomas, não há tratamentos milagrosos para revertê-los. Previna-se.